O secretário executivo da Fundação Ulysses Guimarães (FUG), Guto Scherer, está liderando um estudo sobre sustentabilidade a nível nacional. Denominado “Cidades Resilientes”, o projeto teve início em 2023 e desde as enchentes que atingiram o RS, em maio, o foco se voltou para ações preventivas e estruturantes para que as cidades estejam preparadas para adversidades climáticas.
“A partir da conversa com especialistas, técnicos e fazendo uma análise de cases de sucesso, entendemos que é possível, sim, investir de forma inteligente em prevenção. Não estamos falando em acabar com enchentes, porque isso é impossível, mas sim em diminuir seus impactos”, explica Scherer.
Para a realização do projeto, visitas estão sendo realizadas a diversas cidades em diferentes estados do Brasil. Na última semana, Scherer esteve no Rio de Janeiro, no Paraná e em São Paulo conhecendo centros de operação e áreas públicas modificadas e preparadas para alagamentos.
Na capital fluminense, o executivo da FUG esteve no Centro de Operações Rio (COR). O local funciona com 500 profissionais em turnos 24h e 3,5 mil câmeras monitorando a cidade, que registram 1,5 mil ocorrências por mês. O centro conta com alta tecnologia para o gerenciamento de informações fornecidas por câmeras e sensores estrategicamente posicionados na cidade, além de órgãos públicos, parceiros privados, imprensa e população.
Antes de sua criação, chuvas e outros eventos pegavam a administração pública e os cariocas de surpresa. Depois do COR, soluções são antecipadas, alertando os setores responsáveis sobre os riscos e as medidas urgentes que devem ser tomadas em casos de crise.
“Foi uma grata satisfação conhecer o COR. É uma estrutura que surgiu depois de um grande problema com enchentes e inundações que a cidade passou há 13 anos. Desse problema criaram uma oportunidade e conseguiram trazer uma política pública de inovação e que traz segurança para toda a comunidade”, avaliou Guto Scherer.
Ainda no estado do Rio de Janeiro, o executivo da FUG conheceu ações e soluções desenvolvidas na cidade de Petrópolis, que sofreu em 2022 a maior tragédia climática de sua história, com alagamentos e 775 deslizamentos de terra em toda a cidade. Guto Scherer recebeu do vereador Fred Procopio um relatório elaborado pelo Legislativo, com caminhos de prevenção e recuperação da cidade.
Em Curitiba, no Paraná, Guto Scherer conheceu o Centro de Monitoramento Hídrico da Defesa Civil, local que recebe investimentos desde a década de 70 e que, em conjunto com outras ações, consolidou a cidade como um exemplo para o mundo na utilização de áreas verdes para drenagem da chuva.
“Estivemos em uma área pública com um canal extravasor, uma solução inovadora de Curitiba que atua como um rio paralelo, protegendo a cidade das enchentes. Este sistema permite que a água seja redirecionada para parques alagáveis e lagoas, evitando inundações nas áreas residenciais. Curitiba transformou essa área em um parque multifuncional com lago permanente e instalações para esportes náuticos, mostrando que é possível unir funcionalidade e lazer. Desde a criação deste parque, os bairros ao redor não sofreram mais com enchentes”, observou Scherer.
O projeto da FUG iniciou denominado como “Sustentabilidade”, em virtude de uma solicitação do Estado do Pará, que recebe em 2025 a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, também chamada de COP30. No entanto, o estudo passou a se chamar “Cidades Resilientes” para atender uma demanda do pós-enchente do Rio Grande do Sul. O projeto envolve diferentes atores e escuta especialistas do Brasil e de outros países. A primeira etapa do trabalho deve ser entregue em forma de uma nota técnica até o fim de julho, com diretrizes para o enfrentamento de crises climáticas.